sexta-feira, 16 de março de 2012

O PP-HAW de novo no ar....
































Confesso que há muito anos não via um avião tão bonito assim. Novinho em folha como havia saído da fabrica dezenas de anos atrás. Voltei no tempo, mergulhei no passado ao sentar no assento traseiro, destinado ao vôo solo. O cheiro típico da aeronave, um misto de tela, couro, tinta, óleo, gasolina, são os aromas nostálgicos dos velhos tempos, quando iniciamos nossos primeiros vôos, inicio da nossa carreira. Hoje, 15/MAR/2012, acaba de sair da forma, tendo passado por uma revitalização completa em todos os sentidos, após anos encostado no fundo do hangar do Aero Clube de Batatais-SP, o PP-HAW está prontinho para voar. Com entelagem novinha, pintura zero, motor zerado com todos os componentes e cilindros novos, essa nova jóia não vê a hora de voltar aos ares.
Falta apenas o tão esperado vôo técnico de Experiência após revisão geral de 1.000 horas de célula e motor, para agendamento da VTE- Vistoria Técnica da ANAC, a fim de liberá-lo novamente ao vôo, revalidando seu CA – Certificado de Aeronavegabilidade. Fiquei encantado com a aeronave que cheira zero hora. Está tão lindo e certamente será o avião mais cobiçado do Aero Clube.
Parabéns aos mecânicos do Hangar-2 Manutenção de Aeronaves de Batatais-SP pelo magnífico serviço geral. Afinal são verdadeiros especialistas em velhas Águias e adoram o que fazem e fazem por amor. Assim tudo dá certo.
O meu ídolo, Cmte. Ricardinho Crevelenti, foi o indicado para o primeiro vôo de experiência da aeronave, mas anda um tanto atarefado, voando muito. Vamos ver se antes da sua viagem de férias aos States consiga um tempinho para presentear os amigos com esse vôo tão esperado e necessário para a liberação dessa aeronave pioneira desse Aero Clube que hoje tem o privilegio de tê-la novamente integrando o quadro de aviões formadores de novos pilotos. E para deleite geral será muito requisitado pelos velhos pilotos que certamente adorarão voá-lo. Quem sabe o ACB futuramente me deixe fazer um vôo no PP-HAW para matar a imensa saudade dos velhos tempos, bons tempos dos vôos ao sabor do vento nas primeiras horas do dia ou no fim da tarde.
Desejo também todo sucesso aos amigos da Diretoria desse conceituado Aero Clube, do qual faço parte a um bom tempo, com muito orgulho e satisfação.
Por enquanto, para todos ficarem com água na boca vão de presente algumas fotos que fiz da aeronave.
Para quem não sabe: O Paulistinha CAP-4 como é o caso do PP-HAW é um monomotor
de asa alta fabricado pela Companhia Aeronáutica Paulista(CAP). Nos modelos CAP-4 e, posteriormente, pela Industria Aeronautica Neiva no modelo P-56C, é considerado um dos aviões treinadores de maior sucesso no Brasil desde a década de 50, já tendo formado diversas gerações de pilotos de avião. Em 1955, a Neiva adquiriu os direitos de fabricação da aeronave, lançando uma versão batizada de Paulistinha 56 ou Neiva 56. A Força Aérea Brasileira operou a versão Neiva desta aeronave entre 1959 e 1967.
A CAP foi uma fabrica de aviões brasileira criada no inicio de 1942. Em agosto de 1942, a divisão se tornou uma empresa independente e com o final da 2ª Guerra Mundial a demanda por aeronaves de treinamento diminuiu. O mercado militar estava abastecido com o excedente de aviões norte-americanos, enquanto o mercado civil ainda não estava suficientemente desenvolvido para gerar demanda, o que levou a empresa a fechar definitivamente em 1.949.










quinta-feira, 15 de março de 2012

LOUCOS PELO 14-BIS, William e Rui....






























Coisas incríveis e engraçadas acontecem por todos os lugares. Sempre alguma novidade está acontecendo. O Carnaval-2012 na cidade de Batatais-SP reuniu esse ano, mais de 6.000 pessoas que foram assistir o disputado desfile carnavalesco no Sambódromo Carlos Henrique Cândido Alves. A maior atração do desfile foi uma replica do avião 14-Bis do Santos Dumont, apresentada pela Escola de Samba “Castelo”. Eram 2h50 de segunda-feira (20/FEV/2012) quando "A Castelo”, maior favorita ao título entrou no sambódromo com o enredo "Das asas à imaginação". A escola trazia 340 componentes e belos carros alegóricos. O preço do desfile: “bem mais de R$ 100 mil. O Presidente da Escola, José Inácio Romagnoli disse que nos últimos anos, nenhum desfile da Castelo custou menos que R$ 100 mil reais".
O carro abre-alas apresentou o "Vôo da Fênix". Em seguida, "Esses Homens Maravilhosos e suas Máquinas Voadoras". Mostraram também uma replica do 14 Bis do Santos Dumont e o Barão Vermelho- famoso piloto alemão.
Os meus amigos William e Rui, aficionados por Carnaval e ainda mais por aviões largaram tudo para ir assistir ao tradicional desfile carnavalesco, já que sabiam que a Escola de Samba “Castelo” iria apresentar esse ano tematicamente coisas da aviação.
Quando o 14-Bis surgiu sobre o carro alegórico a bons metros de altura e parecia estar voando, o William e o Rui enlouqueceram de emoção. O desfile nem havia chegado ao seu final e o William endoidou, queria a qualquer preço comprar a replica do 14-Bis. Seu pai tentava impedi-lo perguntando sobre o que faria com aquele aparelho mais pesado que o ar. E ele dizia freneticamente: - Papai vou pendurar ele dentro do nosso hangar.
A Escola de Samba vai vender o 14-Bis pelo melhor preço, mas o William não chegou ainda a um acordo. Enquanto isso o avião permanece solitário no recinto, exposto ao ar livre, aguardando o corajoso comprador daquela relíquia carnavalesca. Hoje estive na Oficina de Manutenção Hangar-2 do Rui Teles lá em Batatais-SP, onde o assunto continua em pauta. Fizeram que fizeram e acabaram me levando até o recinto para ver essa jóia que estão cobiçando desde o Carnaval. Não conseguem dormir de ansiedade e só falam nisso dia e noite. O Cmte. William chegou a sonhar com o Santos Dumont e em sonho esteve com ele na sua casa, A Encantada, na Rua do Encanto nº22 no centro de Petrópolis-RJ, onde o Santos Dumont disse que está torcendo por ele e que espiritualmente vai interferir na negociação. Deu um conselho para o William: “Deixe-se levar pelo sonho e realize-o". Disse ainda, que está muito triste por ver seu grandioso projeto abandonado naquele recinto, entre bois e vacas que ali estão por ocasião do rodeio (14 a 18/MAR-2012) em comemoração ao aniversário da cidade.
Confesso que realmente acabei também ficando encantado com a perfeição da replica do 14-Bis. Estou torcendo para ver ainda essa maquina voadora pendurada dentro do seu hangar, que se depender de mim e do Santos Dumont, logo estará lá para alegria de todos..

terça-feira, 13 de março de 2012

Infância do nosso amigo Júlio Marques na África do Sul...







Julio Marques nasceu na África do Sul e tem uma grande peculiaridade com leões. Desde pequenino participou de muitas das tradições Africanas, é lógico, sempre fugindo dos leões, senão ele não estaria aqui para contar suas épicas histórias. Recentemente encontrei na Internet uma curiosa corrida de carros de papelão que tradicionalmente acontece na África do Sul. "No dia 28.08.2006 um concurso inusitado movimentou a cidade de Johanesburgo. Milhares de cidadãos foram às ruas para assistir a uma corrida de carros de papelão". Naquele ano, com a evolução natural das coisas, o que chamou a atenção foram mesmo, uma retro escavadeira, um submarino e um aviãozinho de papel, construído manualmente demonstrando a capacidade e desempenho dos seus construtores. Como os veículos não possuem o grupo moto propulsor são empurrados numa corrida desenfreada, vencendo aquele que ultrapassa em primeiro a linha de chegada pré determinada.
Ao contar o fato para o Julio, não só me contou como foi sua infância um tanto agitada, como me mostrou uma foto dele, feita pelo pai acho que em 1959, quando construíram um pequeno carrinho de madeira, tradição na cidade em que viviam. Cujo carrinho imitando um esportivo de dois lugares era lançado ladeira abaixo numa corrida maluca. Como não tinha motor, a ladeira quando mais íngreme melhor para adquirir maiores velocidades no seu desempenho. Aconteciam por falta de recursos mecânicos, muitos incidentes de percurso e sempre alguém acabava saído ralado da brincadeira. Isso era também uma tradição anual por lá, reunindo milhares de pessoas interessadas em observar a performance dos carrinhos, cuja disputa também se dava pelo melhor e mais bonito modelo. Lógico, o de numero 16 era para ele o mais bonito e o mais veloz. Os africanos construíam seus carrinhos de madeira secretamente durante boa parte do ano e só iam as ruas no dia da disputa. Esse segredo familiar fazia parte da educação e ensinamento das crianças. Coisas do Arco da Velha acontecem até hoje por lá e o Julio jura que morre de saudades desses velhos e doces tempos da infância e juventude, vivendo num mais cheio de dificuldades, crenças e grandes aspirações de um dia melhor.
Ele veio embora para o Brasil com a família, cujo pai era engenheiro na construção de ferrovias e para cá foi transferido. Os amiguinhos ficaram por lá e ele jura que na primeira oportunidade que tiver, vai tirar uns dias de férias e viajará para a África para rever suas origens. Só não gosta do rugido do leão, por ser um dos sons mais aterradores e grandiosos dos animais selvagens que ficou na sua lembrança. Disse-nos que em condições favoráveis, este rugido, se propaga em sons fortes, roucos e violentos e pode ser ouvido a 10 km de distância. O leão ruge mais freqüentemente ao anoitecer, para avisar aos outros que o território está ocupado. E de leão ele entende bastante, pois os conselhos do papai ele nunca esqueceu: Os leões não costumam atacar o homem, mas se forem feridos atacarão furiosamente qualquer um que esteja no seu caminho. Pessoas que tentem correr também podem despertar seu instinto de caçador e se você correr vai ter que correr muito. Ocasionalmente, leões solitários, cerca de 20% do total que geralmente são animais velhos, feridos ou doentes, também se tornam comedores de homens. Fuja deles...